terça-feira, 10 de julho de 2007

Nº 3 da Rua da Metafísica


Era do género livre para descer avenida e assassinar o primeiro técnico informático, alegando que o nó da gravata não deve ser tão tosco; Subir às arvores de regresso, mirar a vulgaridade dos namorados e seduzir a praça inteira com cigarrilhas Bolivianas. Livre para amar obsessivamente, irromper pelo cinema furtando a inestimável colecção de filmes mudos; Abusar da confiança duns quantos cinéfilos altruístas e escrever muita prosa sobre a razão de ser; Estiolar Agosto após o almoço em solestícios importados.

Havia dois meses que estava emboscado no quarto, disfarçado de criminoso, sabia-o pela televisão:
«Por volta das duas desta tarde pós moderna, uma mulher, empreendedora, arrastou-se do numero três da Rua da metafísica em Lisboa, à beira da antiga praia fluvial, onde ao que tudo indica, terá falecido por afogamento. O suspeito, um homem de meia idade, desempregado por vocação, conhecido por se disfarçar de criminoso e manchar as instituições públicas com fragmentos de Heraclito, continua desaparecido. Segundo nos informaram, uma relação com a Ala Extremista do Tédio, a famosa A.E.T. estará na origem da sua fuga, a qual, até ver, foi bem sucedida. O alto comissário dos casos extremos das Mulheres Feridas em Casa Arrastadas Às Antigas Praias Fluviais (M.C.A.A.P.F.), alertou todos os cidadãos para a necessidade de se concentrarem junto à paragem de táxis mais próxima, para novas indicações. Lembramos que, o suspeito é perigoso e está a monte, vivendo de subvenções vitalícias, e que foi visto pela última vez com um livro de cautelas premiado. Os investigadores admitem a possibilidade do suspeito manter a insanidade auxiliado pelo jogo da lerpa, pois foi visto não raras vezes a jogar com os reformados. Segundo consta do relatório da porteira do 2º Direito: “quando o jogo corria bem não havia problema, mas quando desconfiava, ficava maluco”».

1 comentário:

αutor ALFA disse...

Esse assassino de Mulheres Feridas em Casa Arrastadas Às Antigas Praias Fluviais, ainda vai ser preso na sua fantasia de quarto, já que eu confio ainda na justiça de casos dados por perdidos.
Concordo inteiramente que é na busca de taxis devidamente estacionados na paragem que devemos pedir as indicações e talvez do paradeiro do assassino.

Conclusao...

Adorei =D hehehe, viva a genialidade do meu prof de filo xD